DANÇA

Deborah Colker estreia espetáculo 'Cura' em Belo Horizonte no próximo final de semana

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
Publicado em 25/04/2022 às 12:58.

a angústia pessoal em busca da cura para a doença genética que seu neto possui, coreógrafa dá voz à ciência, a fé e a luta (Leo Aversa/Divulgação)

A criação de um espetáculo de dança não é muito diferente de outras artes. “Muitas vezes começa com o papel em branco”, registra Deborah Colker, uma das mais destacadas coreógrafas da atualidade no Brasil, à frente da companhia homônima fundada há 28 anos. 

Apesar de “Cura”, a mais recente produção, cartaz desse sábado e domingo no Grande Teatro do Sesc Palladium, ter se baseado num fato familiar, a partir da descoberta de uma doença do neto, o processo criativo foi longo e marcado por muitas mudanças.

“O espetáculo não é sobre o Theo. Começa aí, mas se desdobra em muitos saberes, personagens, culturas, religiões, ciência e fé. O processo envolveu muita pesquisa e experimentação, porque eu quis traduzir essa angústia da busca pela cura de diversas óticas, seja ela mental ou espiritual”, assinala.

A história da peça começa em 2018, após Deborah estudar a fundo a epidermólise bolhosa distrófica, mutação genética que provoca bolhas na pele, diagnosticada no neto Theo desde o nascimento. A morte do cientista Stephen Hawking, naquele ano, apontou-lhe a melhor forma de abordar o tema.

Portador de uma doença degenerativa, a Esclerose Lateral Amiotrófica, Hawking viveu meio século após os médicos lhe sentenciarem com apenas três anos. “Eu decidi afirmar que a cura tem que existir: se não é possível no plano físico, tem que ser no emocional, intelectual ou espiritual”.

Deborah observa que, por muito tempo, a cura não era possível. O ponto de chegada de sua pesquisa provou o contrário: “Ela tem que existir e existe”, destaca a coreógrafa, que cita trecho de uma música de Carlinhos Brown – “Traga meu sorriso para dentro, sou mais forte que a minha dor”.

Ela define sua jornada, expressa no espetáculo, como uma “ponte entre a fé e a ciência”. Deborah, é importante frisar, não nega a ciência: “Sempre foi e será a minha parceira, mas ela demanda paciência, espera e tempo. É importante alimentar outros planos de existência”.

Ignorância
Entre os temas abordados por “Cura” estão o preconceito e a discriminação, hoje novamente em evidência. “Veja a ignorância como minha maior inimiga. O preconceito, a intolerância e a discriminação, que são braços oriundos dela, são extremamente nocivos à sociedade”, lamenta.

Quem assina a dramaturgia é o rabino e escritor Nilton Bonder, um grande pensador, com uma cultura diversificada e, como um bom rabino, um ótimo contador de histórias”. Além da ótica judaica, explica, ele também foi fundamental para ajudar a “construir esse coquetel de saberes”.

Deborah afirma que as religiões, as culturas e os povos, com todas as suas contradições e dualidades, buscam a mesma coisa: a cura. “(Perceptível pelo desejo de) Se aproximar da dor do outro, do direito de pedir, implorar por cura, visitar e amar”, pontua. Ela é categórica: “A alegria cura”.

SERVIÇO“Cura” – Espetáculo da Companhia de Dança Deborah Colker. Sábado, às 21h, e domingo, às 19h. No Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1046). Ingressos: podem ser adquiridos na plataforma da Sympla, com valores que variam entre R$ 50 e R$ 100, a inteira.

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