Felicidade é....

Produção oriental mostra o caminho para uma vida mais simples e prazerosa

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
07/02/2022 às 09:11.
Atualizado em 07/02/2022 às 09:12

EXEMPLO – É impossível não se contagiar com a disponibilidade das crianças da aldeia para aprender, exibindo grande respeito ao mestre

Como em vários filmes iranianos que chegaram às nossas telas na década de 1990, com crianças protagonizando histórias sobre a importância de dar valor às coisas simples da vida, o Butão também vem transmitindo essa “receita” em suas obras cinematográficas.


Não é só o título de “A Felicidade das Pequenas Coisas” que entrega o mote do longa-metragem de Pawo Choyning Dorji, já em cartaz nos cinemas, com esse desejo de um mundo ideal em oposição ao capitalismo selvagem sendo impresso na cartela de abertura.

Pré-indicado ao Oscar de melhor produção estrangeira, o filme faz questão de avisar que seremos apresentados ao país “mais feliz do mundo”, valendo-se de certa propaganda turístico-espiritual. A trajetória do protagonista Ugryen tem essa função didática.

Apesar do estilo solitário e arrogante, somos levados a nos identificar com o futuro professor de uma escola na região mais remota de Butão. Afinal, ele está indo lecionar naquela lonjura contra a vontade. Ou seja, está “infeliz” com o rumo tomado na vida.

As tais “coisas simples” lhe são impostas de uma maneira quase cruel, vivendo uma grande adaptação cultural. Entre elas, usar cocô de iaque para gerar fogo. Papel, instrumento básico em qualquer escola que se preze, é uma raridade na pequena Lunana.

Cenários

Nada muito diferente a outras produções – principalmente orientais – que nos apontam a necessidade de sair da zona de conforto para o engrandecimento interior, emolduradas por belos e isolados cenários. Um olhar que, se não é original, não nos incomoda. 

Outro filme do país conhecido do público brasileiro – e disponível em sites de streaming – é “A Copa”, de 1999, que acompanha dois garotos de um monastério tibetano que tentam ver os jogos da Copa do Mundo de 1998

Dorji sabe usar o humor leve em alternância com a catequização de Ugryen para nos envolver e nos convencer sobre um tipo de felicidade baseado no humano, num aprendizado mútuo. Cada vez mais “desapossadas”, as individualidades se destacam.

Quando o jovem professor acessa esse lugar, enxergando além do preconceito cultural, a trama ardilosamente se interrompe, deixando várias reticências que vão de um possível enlace amoroso a relações de amizade não concretizadas – sem falar numa criança frustrada.

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