![Juliano Lopes ainda destacou que buscar soluções para o trânsito caótico e para os moradores em situação de rua também estão entre as prioridades (Maurício Vieira)](https://www.hojeemdia.com.br/image/policy:1.1052183.1738970931:1738970931/image.jpg?f=2x1&w=1200)
Derrubar o aumento das passagens de ônibus em Belo Horizonte é uma das metas do novo presidente da Câmara Municipal, vereador Juliano Lopes. Eleito para comandar a Casa Legislativa até o fim de 2026, ele disse que um grupo com 23 parlamentares foi formado para verificar as medidas capazes de cassar o decreto municipal. O reajuste da tarifa do transporte público da capital entrou em vigor em 1º de janeiro. O preço passou de R$ 5,25 para R$ 5,75 - alta de quase 10%.
Ao Hoje em Dia, Juliano Lopes ainda destacou que buscar soluções para o trânsito caótico da cidade e para os moradores em situação de rua também estão entre as prioridades do mandato – o quarto dele. Vereador disse ainda que a Câmara Municipal pretende ser parceira da Prefeitura nas melhorias necessárias à metrópole.
Nessa entrevista, o novo presidente da Câmara não escondeu o “orgulho” de integrar a ala do Legislativo conhecida como “Família Aro”. “Toda decisão feita aqui por mim em relação à presidência, a gente conversa com os vereadores, mas também conversa com a Família Aro, que tem o nosso líder maior, o secretário da Casa Civil, Marcelo Aro”.
Quais projetos de lei já apresentados pelos demais vereadores o senhor considera prioritários para serem votados na Câmara? Quais pretende colocar na pauta com mais urgência?
Ainda não tive acesso a todos os projetos de lei. Os projetos estão sendo protocolados ainda, as comissões não estão todas formadas. A partir do momento que o projeto é protocolado, passa pela comissão, ganha um número e aí a gente passa a ter ciência dos projetos. O que a gente está mantendo aqui e irá manter é que no colégio de líderes nós iremos conversar com os líderes dos blocos e dos partidos e ver como será feita a pauta.
O senhor está no quarto mandato como vereador em Belo Horizonte. Conhece bem a capital mineira. O que o senhor considera como o principal problema da cidade?
Eu vejo em Belo Horizonte muitos problemas, mas vou falar os dois principais. Vejo a mobilidade urbana como um grande problema dessa cidade. O ônibus, por exemplo: as pessoas reclamam que os ônibus não cumprem os horários, mas os ônibus também estão presos no trânsito, na mobilidade urbana. Nós precisamos conversar com a Prefeitura, juntamente com a Comissão de Mobilidade Urbana, para criar sugestões para que seja resolvido esse problema. Nós teremos daqui a três anos, segundo informações, a inauguração da linha 2 do metrô, que vai ligar o Barreiro ao Calafate, e nós esperamos que essa inauguração possa amenizar a situação das pessoas daquela região.
Ainda sobre os problemas da cidade, um dos mais apontados pela população é a questão da chuva e das enchentes. Como o senhor avalia as intervenções feitas pela Prefeitura?
Graças a Deus este ano nós não tivemos nenhuma perda. Nenhuma pessoa morreu. Tivemos outros problemas financeiros, que as pessoas perderam imóveis, perderam o carro, casas foram invadidas. Já melhorou muito. Nós aprovamos, na legislatura passada, dois empréstimos para a Prefeitura e um empréstimo de quase um R$ 1,1 bilhão, que é para terminar algumas bacias de contenções. A bacia do Vilarinho está 70% pronta. A bacia que a Prefeitura fez uma parceria com Contagem está 90% pronta. Nós não tivemos grandes problemas este ano na Tereza Cristina. Choveu muito. E eu tenho certeza que, com essas obras de contenções, com esse empréstimo que nós aprovamos, a prefeitura irá executar essas obras e amenizar muito a situação das enchentes.
Mas o senhor disse (na semana passada), que esse empréstimo de R$ 1 bilhão à PBH, aprovado por 33 vereadores no ano passado, terá que ser reapresentado, devido a mudanças na legislação federal. Que mudanças são essas?
Na verdade, nós fomos procurados pela gerência da Caixa Econômica, que era onde o empréstimo seria feito. Como o projeto foi protocolado no início de 2023 e só foi votado em dezembro de 2024, mudou-se uma lei federal em relação aos empréstimos e a Caixa Econômica interpretou de uma maneira que ela não poderia fazer a execução desse empréstimo. Mas o líder de governo, Bruno Miranda, esteve nesse microfone aqui na Câmara falando que em relação aos outros bancos privados pode acontecer um empréstimo. Então, a prefeitura está avaliando se irá fazer o empréstimo com a Caixa Econômica Federal ou se será feito em outros bancos. Então, existe uma dúvida em relação a esse empréstimo. Nós esperamos que seja resolvido o mais rápido possível.
Como presidente da Câmara, pretende pautar o novo projeto de lei sobre esse empréstimo com a agilidade que a cidade precisa?
É um projeto importante e que a Prefeitura precisa, já que é um projeto de contenção de bacias, de obras. O que estiver ao meu alcance, nós temos que lembrar que nós temos novos vereadores, praticamente 18, 19 e que tem que ver o que eles imaginam que seja isso. Mas, com certeza, em relação à presidência, nós precisamos dar resultado. Quem está sofrendo com a chuva, quem está sofrendo com as inundações não tem mais prazo para esperar. Nós estamos terminando esse período chuvoso e quem sabe a Prefeitura comece já a partir de junho a executar essas obras de contenção de chuva.
E o senhor, pessoalmente, seria a favor ou contra o empréstimo?
Sou a favor. Votei a favor aqui na Câmara Municipal no primeiro e segundo turno. É um projeto que precisa realmente ser aprovado e volto a falar: cabe à Prefeitura fazer a execução dessas obras.
Logo após ser eleito presidente da Câmara, o senhor criticou o aumento da passagem de ônibus em BH e disse que faria reuniões com outros parlamentares para definir alguma medida. O que será feito?
Já está sendo feito um grupo de em torno de 23 vereadores que está assinando um documento para cassar o decreto do prefeito. A partir do momento que esse documento for protocolado na Câmara, porque já tem as comissões, ele começa a tramitar. Então a gente espera que realmente, de fato, isso aconteça e que ele possa estar no plenário para ser votado.
Ainda na questão de mobilidade, um assunto que esteve até em pauta aqui na Câmara foi a questão da ciclovia na Afonso Pena. Como o senhor avalia esse projeto?
Não sou contra ciclovia, sou professor de educação física, defendo o esporte, mas eu vejo que ciclovia naquele local, um local íngreme, não é um local apropriado. Mas quem decide isso é a Justiça. A Justiça deve dar um parecer o mais rápido possível e, conforme for esse parecer, a prefeitura vai ter que terminar a obra ou recuar. Naquele ponto da avenida Afonso Pena não vejo aquele espaço, aquela área, apta para ciclovia. Creio que a Prefeitura, o prefeito em exercício Álvaro Damião, deve estar esperando uma decisão judicial para ver se continua ou não essa ciclovia.
Também durante a sua eleição para a presidência da Câmara, revelou que recebeu uma ligação do prefeito Fuad Noman. Na sequência, o senhor disse que espera que Câmara e PBH possam caminhar “juntas”. Fuad segue internado, mas o senhor chegou a falar novamente com ele?
Primeiramente, gostaria de deixar minha solidariedade ao prefeito Fuad, à dona Mônica e toda a família. No mesmo dia que terminou aqui a eleição da mesa, o prefeito Fuad me ligou e eu disse que ele ficasse tranquilo, que eu desejava uma boa recuperação. E até hoje não tive mais contato com ele depois dessa ligação. Ele está se recuperando, a informação que a gente tem é que ele está se recuperando muito bem. Em relação ao vice-prefeito e atual prefeito, que é o Álvaro Damião, nós conversamos essa semana, e o que depender da presidência da Câmara, eu quero ter uma forma bem harmônica com eles, democrática, mas independente. Então, a gente não quer fazer oposição por oposição, porque quem realmente está na ponta, que está com problema no transporte, problema na saúde, problema de moradores em situação de rua, não quer saber disso, quer saber como que vai ser resolvido o problema dele.
Mas como está a sua relação com o Álvaro? O senhor chegou a chamá-lo de "pateta"...
Aquilo ali foi um momento de desabafo, onde a gente já havia acabado a votação da eleição na mesa, já que a Prefeitura, o prefeito Fuad, em várias entrevistas, fez um café com 40 vereadores e disse que não iria entrar na disputa da presidência, e aí nos causou bastante estranheza. E que no dia 24 de dezembro a Prefeitura lança o candidato, o líder de governo, o Bruno Miranda, e começa a atuar nos bastidores. Então acabou me dando aquela fala, mas em relação a isso, a gente não tem qualquer tipo de problema com o Álvaro, ele foi vereador comigo aqui oito anos.
E como o senhor avalia essas primeiras semanas do Álvaro Damião no comando interino da prefeitura?
Eu fico avaliando que ele fica um pouco engessado, em relação a como ele atua, porque não sabe se vai continuar mesmo. O prefeito já entrou agora com mais 15 dias (de atestado), então até 23 de fevereiro o prefeito está de licença, mas ele (Damião) tem aos poucos, tentado estar presente nos eventos da Prefeitura, mas eu creio que ele ainda está aguardando de fato o que irá acontecer para a Prefeitura.
O senhor integra a ala da Câmara conhecida como “Família Aro”. O senhor tem feito reuniões com Marcelo Aro? Há risco de uma interferência dele, que é secretário de Estado, nos trabalhos legislativos e atuações das bancadas e comissões?
Eu tenho muito orgulho de fazer parte dessa “Família Aro”. Primeiro que a “Família Aro” não está envolvida em nenhum processo de corrupção, desvio de verba. É uma família, um grupo de pessoas que trabalha junto, que decide junto.
Na abertura dessa legislatura, na segunda-feira (3), houve um embate entre dois vereadores novatos em relação ao uso do pronome “todes”. No dia seguinte, o pinga-fogo foi praticamente dedicado a questões estranhas ao Legislativo municipal, como a defesa de Lula por um lado e de Bolsonaro e até Trump de outro. Como o senhor pretende conduzir os trabalhos para evitar que a Câmara de BH perca tempo reverberando discussões fora do alcance municipal?
A gente aqui, como presidente, precisa administrar conflitos. O que não pode faltar é respeito um com o outro. Aqui o regimento interno permite que cada vereador vá ao microfone para se manifestar. E essa manifestação está sendo feita. Eu, como presidente, tenho que cumprir o regimento da Casa e deixar que todos deem a própria opinião. Isso se chama democracia e enquanto eu estiver aqui, todos terão direito.
Como o senhor vê esse risco de a Câmara virar palco da polarização política, quando a expectativa deveria ser a de união em nome do interesse público municipal?
Espero que a discussão em Brasília em relação a Lula e Bolsonaro não venha aqui para dentro. Porque nós estamos aqui para resolver os problemas de Belo Horizonte. Nós temos diversos problemas a serem resolvidos. Se os vereadores optarem por essa discussão nacional aqui, na Câmara de Belo Horizonte, cabe aos eleitores deles avaliar se está valendo a pena botá-los na próxima eleição. Eu, como presidente, não posso cessar o direito de cada um se manifestar no microfone.
Ainda falta mais de um ano e meio para a próxima eleição, que irá definir o novo governador de Minas. Alguns nomes já são ventilados para concorrer ao cargo. Como o senhor avalia essa futura corrida eleitoral? O partido do senhor já tem debatido nomes ou apoios?
Até o período eleitoral falta muito tempo. Não tem realmente, de fato, um nome realmente cravado. Mas a gente espera que a eleição, tanto a eleição para o governo de Minas, para governador, para senador, para deputado federal, para deputado federal, seja de forma democrática. Eu faço parte do partido de centro-direita, que é o partido Podemos, e vou me posicionar de acordo com o partido. Então, em relação a isso, eu tenho que aguardar a minha definição partidária.
E o governo federal? Como o senhor avalia o desempenho do presidente Lula até o momento?
Em relação ao presidente Lula, tem pautas positivas e pautas negativas. O que a gente tem que avaliar realmente é que o Brasil precisa, de fato, pensar, independente de esquerda ou direita, quem está na ponta sofrendo com aumento de inflação, juros altos, desvalorização do real frente ao dólar. É isso que as pessoas têm que avaliar. Então, eu espero que em 2026 a população do Brasil, o povo brasileiro, faça um julgamento se vale a pena continuar o governo que está ou não.
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