Entrevista

Conheça Hercília Najara, atleta do mountain bike que busca vaga nas Olimpíadas de Paris

Angel Drumond
angel.lima@hojeemdia.com.br
Publicado em 22/05/2023 às 14:47.

Mountain bike, esporte olímpico desde Atlanta, em 1996, é uma derivação do ciclismo praticado em trilhas de terra, estradas montanhosas e terrenos irregulares. Bem mais novo que o ciclismo de estrada, a modalidade “nasceu” em 1950 nos Estados Unidos, mas acabou ganhando popularidade a partir da década de 1970. Minas, Estado propício à prática desse esporte, conta com Hercília Najara, uma atleta que nasceu em Campos Sales, no Ceará, e veio com a família para Belo Horizonte quando era criança.

Atualmente, Hercília, que também é enfermeira e professora universitária de cursos de graduação e pós em enfermagem e medicina, representa a equipe mineira TSW Racing Team, cuja sede é em Governador Valadares. Ela busca índice para representar o país nas Olimpíadas de Paris em 2024. A atleta é uma das 3 atletas que estão somando pontos para o Brasil em busca da vaga.

Hercília, que fez transições na carreira e hoje se dedica exclusivamente ao esporte, é campeã da ultramaratona Brasil Ride Espinhaço, e é a atual medalhista de bronze nos Jogos Sul-Americanos. Ela já foi vice-campeã brasileira de XCC e também já foi 3ª colocada no campeonato brasileiro de XCO, que são tipos de competições dentro do esporte. 

A atleta conversou com o Hoje em Dia e falou da rotina de treinos em Minas Gerais, de percalços que passou na carreira e da luta para representar o país nas competições pelo mundo. 

Natural do Ceará, como você escolheu Minas Gerais para ser sua casa e servir de chão para os treinos de mountain bike? Além das grandes serras e trilhas, algum outro atrativo do Estado foi fundamental para a decisão?
Na verdade, a mudança para Minas Gerais foi decisão dos meus pais quando eu era apenas uma criança. Eu tinha 7 anos. O bom é que eu vim parar no paraíso do mountain bike, mesmo sem imaginar!

Quais são as suas perspectivas para as competições que ainda vai disputar no ano? Conte como está a corrida para a vaga de Paris 2024.
Todo o calendário desta temporada é baseado no somatório de pontos para o ranking olímpico. A perspectiva é entregar o meu melhor, para que, dentro da classificação de cada prova, eu possa somar o máximo possível de pontos. Para que o Brasil alcance 2 vagas olímpicas é necessário que o país ocupe da 1° até a 8° posição no ranking das nações. Nesse ranking, apenas as 3 atletas mais bem posicionadas no ranking mundial somam pontos. No momento, eu sou uma das 3 brasileiras que estão somando pontos para o Brasil.

Você possui alguns patrocínios aqui da região de Minas Gerais. Grandes empresas em ramos e segmentos diferentes ao esporte. Como esses nomes são fundamentais para ajudar na evolução da carreira de um atleta profissional?
Hoje sou da equipe TSW SRAM racing team. Além disso, conto com o apoio essencial de duas empresas que não são do ramo da bicicleta. Uma empresa é a Delrey Filtros, líder no segmento de filtros há mais de 50 anos, com sede em Minas Gerais. Outra empresa também mineira é a Prevenir Proteção Veicular, pioneira no segmento de associação de proteção veicular. Por mais que não sejam do esporte, estas empresas entendem o quanto o segmento esportivo pode agregar valor e reconhecimento à empresa. Os recursos recebidos me ajudam a estruturar o calendário da temporada de forma mais assertiva, com tranquilidade para participar de provas, principalmente no cenário internacional que tem custos mais elevados. Inclusive, para reforçar minha participação em Copas do Mundo ainda estou à procura de novos apoiadores que, assim como eu, acreditam num propósito de transformação que o esporte pode gerar.

Recentemente você passou por uma péssima situação, mas que também faz parte da outra profissão que é enfermeira, já que foi preciso tentar socorrer um atleta que sofreu um choque durante o treino. Como você superou esse fato?
No momento em que me deparei com a situação, eu só pensava em ajudar a salvar a vida do ciclista. Todas as ações possíveis para salvar a vida dele foram realizadas por mim e por outras pessoas. Acredito que a certeza de ter feito tudo que estava ao nosso alcance foi o consolo para superar todo o impacto que um atendimento à parada cardior-respiratória causa na vida de qualquer pessoa.

Além do treino natural com a bike, você pratica alguma outra modalidade física que possa te ajudar? Por exemplo, musculação, yoga…
Sim, outras atividades esportivas são fundamentais para minha preparação. Tenho na minha rotina atividades de muscu-lação, corrida, exercícios de mobilidade, alongamento e meditação.

Como é a rotina de alimentação, principalmente nesse período pré-Olimpíadas? Tem trabalho com nutricionista?
Realizo acompanhamento com um nutricionista esportivo há mais de 7 anos. A alimentação é focada no consumo de produtos naturais que promovam a rápida recuperação muscular e minimizem as respostas inflamatórias dos treinamentos intensos.

O que faz nas horas livres até para aliviar um pouco a expectativa e a responsabilidade em representar o Brasil?
Para relaxar eu coloco em prática meus principais hobbies: passar tempo de qualidade com a família, ler livros, assistir filmes.

Você também passou por um recente problema com o roubo da sua bicicleta. Essa situação também já está totalmente superada?
Quem me acompanha no Instagram (@hercilianajara) sabe bem como estes dias foram difíceis e com intenso desgaste mental. Mas eu consegui recuperar a bicicleta, com a ajuda de todos os meus amigos e seguidores, ampla divulgação dos meios de comunicação, esforço incansável dos policiais militares do Gepar 22° Batalhão de Belo Horizonte. Tudo isso me fortaleceu e aumentou ainda mais a garra e determinação para seguir forte no ciclo olímpico.

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