A longa amizade rendeu uma “resenha” especial logo que o acerto com o Atlético foi divulgado. Naquele dia, o telefone de Robinho não demorou a tocar. Do outro lado da linha, o velho parceiro de artilharia nos tempos de Santos. “Falei pra ele vir devagar, porque se achar que vai ter moleza, esquece!”, revelou Deivid, agora técnico justamente do rival Cruzeiro.
Acostumados a brilhar juntos dentro de campo, os dois principais personagens do primeiro superclássico mineiro de 2016 voltarão enfim a se encontrar neste domingo, em situação bem diferente. No duelo entre Atlético e Cruzeiro pela primeira fase do Estadual, às 11h, eles estarão de lados opostos no Independência. E o sucesso de um dependerá do fracasso do outro.
Na época do Peixe, Robinho era uma grande promessa, enquanto Deivid agregava experiência a um dos ataques mais fatais do Brasil no início do milênio. Atualmente, os papéis se inverteram. Enquanto o jovem treinador ainda busca afirmação no clube celeste e na nova carreira, o rodado atacante é a esperança alvinegra à frente de um time bastante desfalcado.
Com o retrospecto de nunca ter sido derrotado pelo Galo em 12 duelos como jogador (defendendo Santos, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo e Coritiba), Deivid precisa de mais um resultado positivo para aliviar de vez as cobranças e a desconfiança.
Robinho, por sua vez, busca uma primeira boa sequência nos principais desafios do Galo. Apesar da artilharia do Campeonato Mineiro com cinco gols em três jogos, o camisa 7 ainda não alcançou o melhor condicionamento físico e, nas partidas da Copa Libertadores, começou no banco de reservas.
O clássico deste domingo será decisivo para a definição do primeiro lugar na fase de classificação do Campeonato Mineiro e a consequente vantagem na semifinal e, eventualmente, na grande decisão.
‘Pelé e Coutinho’
O cruzeirense garante ter desejado boa sorte ao atleticano na conversa ao telefone. Mas não perdeu a chance de provocar. “Formamos uma dupla igual a Pelé e Coutinho, não é, Coutinho?”, brincou Deivid na ligação. “Ele ficou meio nervoso (risos)”, completou o camisa 9 do ataque campeão brasileiro em 2004.
A comparação, por mais herege que seja, se justifica pelo sucesso no clube praiano. Em 64 partidas atuando lado a lado, os dois atacantes balançaram as redes 73 vezes – média superior a um gol por jogo.
Mas eles também já passaram pela experiência de tirar o troféu um do outro. Em 2002, Robinho já havia sido campeão nacional pelo Peixe, em cima do amigo, então jogador do Corinthians. No ano seguinte, pelo Cruzeiro, o centroavante deu o troco, faturando o primeiro Brasileirão por pontos corridos sobre a equipe santista.