Lembranças

‘Ele é o que sempre foi’: ex-companheiros contam histórias que viveram com Richarlison no América

Letícia Lopes e Angel Drumond
portal@hojeemdia.com.br
Publicado em 27/11/2022 às 09:00.
 (Arquivo pessoal)

(Arquivo pessoal)

Autor dos dois primeiros gols do Brasil nesta Copa do Mundo, os holofotes estão voltados para Richarlison desde quinta-feira (24). O fato é que antes de se tornar o camisa 9 da Seleção, o atacante se formou em Minas Gerais, no América, e pessoas que conviviam com ele, desde 2015, sempre souberam da estrela do jogador. Ex-companheiro de time, ex-gerente de futebol, ex-assistente de marketing, todos concordam: ele é o que já era.

Nascido no Espírito Santo, Richarlison chegou a Belo Horizonte para treinar nas categorias de base do América. Em 2015, sua primeira oportunidade no profissional foi notada por todos. Leandro Guerreiro, ex-Cruzeiro e ex-América, teve a oportunidade de dividir o quarto, no alojamento do clube. A diferença do atleta foi percebida desde o primeiro treino.

“No primeiro coletivo, ele estava no time reserva, fez um sacode no nosso time titular. Ele me driblou, driblou uns três ou quatro, driblou o goleiro e fez um gol. Todo mundo ficou espantado. Quem é esse menino que veio treinar com a gente?” recordou Leandro, ao frisar a diferença da postura de Richarlison dentro e fora das quatro linhas. “O que eu mais gostei dele, é a timidez fora do campo, mas dentro do campo ele se transforma”.

O gerente de futebol do América naquela época, atualmente no Cruzeiro, Luiz Kriwat, revelou que antes de Richarlison integrar o profissional, já rolava um “burburinho grande” de que o garoto era diferente. “O pessoal falava vai lá ver o futebol do Richarlison, que esse menino é diferente”. Ele chegou no time arrebentando, sempre muito humilde. Fora do campo era um bicho do mato, dentro do campo ele se transformava. Um menino muito do bem. Isso que ele é hoje, ele já era. Só tem mais voz”.

Cláudio, do time de marketing do Coelho, costumava ir ao CT acompanhar treinos e fazer ações. Ele relembra a postura do jogador e a maneira como era sério no ambiente de trabalho. Para ele, o destaque do jogador não foi recebido com surpresa: ”nestes anos, nós aprendemos a perceber como os atletas se diferem. Pela dedicação e pela pessoa que ele era, não me surpreende em nada onde ele está hoje”, declarou.

Por unanimidade, o trabalho que o centroavante dava era ser tímido demais. Caroline Lopes, ficava por conta das redes sociais do Coelho e lembra a dificuldade para fazer Richarlison falar. No fim dos treinos, “fugir” para não dar entrevistas era a estratégia preferida. “Sempre muito na dele, tranquilo, sempre acanhado. Tinha muita dificuldade em gravar com ele. Os jornalistas iam ao CT entrevistá-lo e a gente precisava conversar com ele para falar. Era tímido, mas ao mesmo tempo engraçado”.

Ele é o que sempre foi

Hoje, além de craque, Richarlison também protagoniza causas sociais. O atleta sempre se manifesta em suas redes sociais a respeito dos acontecimentos do mundo, denunciando casos de racismo, machismo, homofobia e desigualdade social. Além disso, ele é responsável por manter uma casa para pacientes oncológicos, projeto ao qual 10% do seu salário é destinado.

O ex-gerente, Kriwat, se recorda de uma história que já demonstrava a veia empática do jogador. “Quando ele começou a ter destaque, a Nike assinou com ele. Ele recebeu um kit, cheio de coisas, pegou uma bermuda, um chinelo, duas camisas. Ele morava na Casa do Atleta, tinham muitas pessoas trabalhando, então ele abriu o kit na sala e falou para o pessoal pegar o que precisasse. Um menino que na época não tinha nada, mas tinha um pouco a mais do quem estava do lado. E aí, o nada que ele tinha, ele dividiu. É um menino muito bacana”, relembrou.

Futuro Ronaldo?

Se as previsões de sete anos atrás aconteceram, as pessoas já começam a fazer novas. Leandro Guerreiro, inclusive, não mede expectativas para falar sobre o futuro que está reservado para Richarlison. O ex-jogador contou que se emocionou ao ver o craque decidindo o duelo da Seleção e, assim, só consegue enxergar um futuro de muito sucesso.

“Eu o comparei com Ronaldo Fenômeno. Tem força, é definidor. Ele tem a vantagem de ser mais rápido do que o Ronaldo, a mesma explosão, mas ele é um pouco mais rápido ainda. Tem gente que achou estranho eu falar isso, mas eu comparei. A camiseta não pesa, independente se ele tá com a da seleção, de algum clube. Para ele é tudo a mesma coisa” disse o ex-jogador.

“Richarlison é um cara com personalidade grande e isso em um jogador de futebol faz toda diferença. E ele além de toda a técnica, habilidade, é um jogador completo. Joga em todas as posições do ataque, finaliza com as duas pernas, cabeceia bem também, velocidade e explosão incrível”, finalizou Guerreiro.  

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