Belo Horizonte, até esta quinta-feira (17), acumula quatro casos confirmados de infecção pelo superfungo Candida auris. Outras 24 pessoas são observadas no Hospital de Pronto Socorro (HPS) João XXIII, onde aguardam resultado dos exames.
O cenário preocupante motivou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a realizar encontro com representantes do governo de Minas e até estudiosos sobre o superfungo. "A Anvisa já realizou reuniões com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), representantes do hospital e especialistas em Candida auris para discutir os casos e apoiar tecnicamente o estado para o controle do surto", detalhou a agência em nota.
Em nível nacional, a Anvisa informou que monitora a ocorrência de surtos por Candida auris em serviços de saúde de todo o país. "Nesse sentido, a agência está acompanhando de perto as ações adotadas para controle e combate à propagação do fungo, bem como prestando suporte técnico aos Estados", detalhou.
Em 2022, a Anvisa divulgou nota técnica com recomendações nacionais para identificação, prevenção e controle de infecções por Candida auris em serviços de saúde e está sendo revisado para atualização. Para acessar, clique aqui.
Além disso, há um monitoramento disponível na internet, onde um painel faz um panorama nacional dos casos de Candida auris registrados no país. Clique aqui para acessar.
Proporções perigosas do superfungo
O diretor da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, fez um alerta sobre as proporções perigosas que o superfungo pode chegar. Segundo ele, a Candida auris se espalha principalmente em hospitais e traz grandes problemas.
"O Candida auris é difícil de ser identificado pelos exames de laboratórios disponíveis na capital. Além disso, a levedura é resistente à maioria dos fungicidas existentes. É um fungo resistente a vários tratamentos que poderiam ser muito efetivos contra outros fungos, com isso sua mortalidade se torna maior. Então é bastante preocupante, temos que fazer esforços para identificar os focos precoces desses fungos para evitar com que eles se espalhem e atinjam proporções que sejam perigosas para a população”, afirmou o infectologista.
Estevão relata que a transmissão do fungo é feita de pessoa a pessoa, principalmente através das mãos. “Geralmente acomete pessoas mais debilitadas, portanto mais suscetíveis a doenças graves, imunodeprimidos, crianças muito jovens, idosos, aqueles em quimioterapia intensiva”.
O infectologista alerta para que a população e as autoridades fiquem atentas com a higiene ambiental, onde indivíduos portadores estejam. Além disso, lavar bem as mãos é muito importante, já que são os principais meios de transmissão do fungo.
Ainda de acordo com o infectologista, o tratamento é complicado, uma vez que o superfungo produz o que os cientistas chamam de biofilme, camada protetora que a torna resistente ao fluconazol, à anfotericina B e ao equinocandina, três dos principais compostos antifúngicos. Assim, os infectados devem tomar um coquetel antifúngico, com diversos medicamentos para eliminar a levedura do organismo.
Pacientes no Hospital João XXIII
A Secretaria de Estado de Saúde informou que "o Hospital João XXIII tomou todas as medidas de controle e manejo necessárias para proteção dos demais pacientes e profissionais da unidade, como higienização das mãos, medidas de precaução de contato (uso de luvas e avental) dos casos suspeitos e testes para detecção de novos casos".