Duas novas espécies de canela-de-ema, do gênero Vellozia, da família Velloziaceae, foram descobertas na Serra do Espinhaço, que fica na cidade de Monte Azul, no Norte de Minas. Encontradas na vegetação dos Campos Rupestres, elas foram descritas e recém-publicadas na revista internacional Phytotaxa.
De acordo com o Governo de Minas, a descoberta foi feita por pesquisadores do Plano de Ação Territorial para conservação de espécies ameaçadas de extinção do Espinhaço Mineiro (PAT Espinhaço Mineiro), coordenado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), descobriram duas novas espécies de canela-de-ema, do gênero Vellozia, da família Velloziaceae, em Monte Azul, no Norte de Minas.
As novas espécies, Vellozia flavida e Vellozia formosa, foram descritas e recém-publicadas na revista internacional Phytotaxa. Elas foram classificadas como criticamente ameaçadas de extinção por serem microendêmicas, espécies que ocorrem em apenas um local, em uma área muito restrita, no caso destas, em uma única serra.
Essa região já vem ganhando destaque pela quantidade de espécies novas publicadas, incluindo a Uaizeitona, Chionanthus monteazulensis, a partir das ações de identificação de áreas lacunas de conhecimento da flora, por meio do PAT Espinhaço Mineiro e do Projeto Pró-Espécies, destacando a rica biodiversidade do Norte de Minas.
Essas plantas são reconhecidas pela beleza das flores, em geral lilás a brancas, mas nessa descoberta houve novidades, incluindo uma rara flor amarela, nomeada Vellozia flavida. Essa é apenas a terceira espécie de Vellozia com essa característica, gênero que conta com 130 espécies de plantas que geralmente ocupam regiões de altitude elevada. A outra espécie encontrada, faz homenagem ao local de ocorrência na região do Pico da Formosa, denominada Vellozia formosa.
Plantas irão para herbários
O pesquisador e autor principal da descoberta, Renato Magri, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), destaca que o trabalho teve início com os estudos do professor Renato Mello-Silva, falecido em 2020, que dedicou as pesquisas às canelas-de-ema.
As plantas coletadas pelos botânicos, depois de secas, são incluídas em herbários. Nos materiais trabalhados pelo professor Renato Mello-Silva foi indicado que eram espécies novas, mas a Vellozia flavida não havia flor, que é característico na descrição da espécie. Com o apoio do PAT Espinhaço Mineiro e do Projeto Pró-Espécies, foi possível viabilizar as expedições de campo.
“Eu sabia da existência dessas espécies novas na região, mas não sabia que o acesso seria tão difícil. A missão de coleta em campo para encontrar as plantas foi bastante pesada, por causa do relevo, bem como da necessidade de achar as plantas com flores”, diz Renato Magri.
A pesquisadora Andressa Cabral explica que as espécies de Vellozia possuem características fascinantes, que lhes permitem crescer em ambientes adversos, como solos rasos, altas temperaturas, alta insolação e escassez de água.
“Isso destaca a importância de conservar esses habitats com uma flora tão singular, que é essencial para manter a biodiversidade e o equilíbrio ecológico desses ecossistemas”, frisou a pesquisadora.
Além dos autores do artigo científico, que são pesquisadores, cientistas e especialistas botânicos, a pesquisa também teve o apoio da equipe do Parque Estadual Caminho dos Gerais, por meio do analista João Carlos Batista dos Anjos e do gestor do parque, Alessandre Jorge.
“A ampliação do conhecimento científico é fundamental para valorar os ecossistemas e traçar estratégias para a conservação e uso sustentável da cordilheira do espinhaço na região Norte”, explicou Jorge.
* Com informações da Agência Minas