Professores do curso de Gastronomia das Faculdades Promove, em Belo Horizonte, visitaram neste sábado (20) chefs de cozinha que se preparam para a 16ª edição do Igarapé Bem Temperado. O festival que valoriza personagens da culinária mineira, denominadas "mestras",  ocorre de 16 a 19 de maio, na Praça Miguel Henriques da Silva, na cidade da Grande BH.

Participaram do encontro os professores de Gastronomia Jackson Cabral e Cidinha Lamounier e o diretor comercial do Hoje em Dia e das Faculdades Promove e Kennedy, Gustavo Cunha. Lá, eles fizeram um tour nas casas das mestras da culinária, que prometem distribuir "sabor e histórias", mostrando pratos típicos do município.

Além da apresentação das técnicas de preparo da cozinha de quintal, o encontro visa agregar conhecimentos tanto para o evento quanto para as instituições de ensino, que formam gastrólogos todos os semestres.

Visita

A visita iniciou com um bolinho de bacalhau tendo como base a mandioca, feito pela mestra Lilia da Quita. Participante desde 2011, Lilia não escondeu a emoção de estar novamente no evento.

“Já estou com 70 anos e isso é um privilégio para mim. Recebi o convite lá em 2011 pela mestra Maria, a mais velha mais velha do Igarapé Bem Temperado. Desde então eu participo e é só beleza”, falou a mestra Lilia.

Em seguida, a mestra Beth dos Licores, preparou uma degustação de licores, geleias e compotas com ingredientes colhidos no quintal da casa dela e tratados por ela. Dentre os licores produzidos, o de jabuticaba tem um lugar especial. “Não tem jeito dele não ser gostoso. É o carro-chefe daqui”, ressaltou a mestra. 

Para Beth, poder levar a bebida ao Igarapé Bem Temperado “é uma realização”. Além de ser “um resgaste de costumes”. 

A programação contou ainda com um almoço na cozinha do chef Welinton Maciel, que preparou um risoto de banana com taioba e ossobuco, prato que será apresentado no festival. Antes de servir o prato, Wellinton relembrou os momentos que participava apenas como um degustador  até se tornar um dos chefs participantes no ano passado. 

O primeiro prato apresentado teve a canjiquinha como base, uma memória de infância. “Eu não gostava de canjiquinha e resolvi fazer de uma forma diferente, que foi um risoto de canjiquinha. E foi um sucesso”, disse o chef. 

Welinton afirmou que o festival foi fundamental para “perder o medo” de cozinhar para várias pessoas e por ser desafiador. Em 2023, o chef revelou que foi incentivado por diversas pessoas a fazer a inscrição no evento e “tomou gosto”. “Igual eu fui motivado, agora quero motivar pessoas a participarem”, finalizou. 

Professor e coordenador do curso de Gastronomia do Promove, Jackson Cabral falou sobre a experiência. “Para nós é muito importante conhecer a cultura e todas as histórias das mestras de cozinha. Vamos vivenciar toda uma vida de alimentação inserida na cultura gastronômica de Igarapé”, destaca.

Para Gustavo Cunha, a parceria do festival com o Promove coloca em pauta as culturas e dá voz e lugar de importância às cozinheiras. “Quando abraçamos esses projetos, tentamos trazer essa lembrança da regionalidade. Além de conhecer e trazer mais de outras culturas para dentro da faculdade”.

Diretor Acadêmico das Faculdades Kennedy e Promove, Natanael Atilas também valorizou a troca de conhecimento que está sendo construída com o festival. “Esse tipo de ação é importante porque aproxima a comunidade da escola e vice-versa. Há uma troca de saberes, tanto no desenvolvimento do projeto, quanto no planejamento e na avaliação. Nessa troca sempre há construção de conhecimento, que vai servir para o festival de Igarapé e também para a faculdade”, destacou o diretor.

Festival

Iniciado em 2005, o Igarapé Bem Temperado - Festival de Culinária e Cultura atrai milhares de pessoas de Minas e de outros estados para a cidade durante quatro dias de festa. Todos os anos, mais de 25 mil pessoas comparecem ao evento, que valoriza a culinária mineira de quintal.

O festival contará com exposições, shows, artesanato e 16 pratos preparados pelas mestras locais e chefes convidados. O público poderá aprender receitas e conhecer histórias de superação na cozinha.

"Precisamos valorizar essa cultura tão singular que a gente tem e também colocar essas pessoas tão importantes sob os holofotes", afirma o idealizador e curador do festival, Carlos  Stan.