Um filho atencioso, companheiro e estudioso. As características são usadas por Andréia de Jesus Costa, de 47 anos, para descrever o filho Pedro Henrique Costa, de 15, durante o enterro dele, no Cemitério da Paz, na região Noroeste de Belo Horizonte, neste domingo (21). O adolescente foi morto na última sexta-feira (19) durante operação policial no bairro Nova Gameleira, região Oeste. 

Bastante emocionada, a mãe de Pedro contou que o filho era seu grande "companheiro". "Pedro era um menino bom, estudioso, amigo, meu companheiro. Ele não mexia com nada, não se envolvia com nada e estava ali conversando. Eles chegaram atirando, destruíram meu filho, ele não mexe com nada. Amigo de todo mundo, nem de turma ele não é. Estava ali só conversando, será que não podemos estar nos lugares pra conversar?", desabafa Andréia. 

Ela cobra por Justiça. "Sentimento de perda muito grande, ele era meu companheiro. Enquanto eu não chegava ele me ligava, enquanto eu não chegava ele se preocupava se eu já estava chegando. Eu quero justiça", afirma. 

A morte do adolescente revoltou moradores da Vila Embaúbas. Na manhã deste domingo, familiares, amigos e professores compareceram ao sepultamento do jovem e também cobraram por Justiça. 

A educadora social e coordenadora de uma ONG da região, Idalgisa Ribeiro, de 54, conta que conhecia Pedro desde a infância. Ela disse que o adolescente frequentava um projeto social desde os 6 anos. 

"Menino estudioso, filho de família direita, filho de mãe que faz o papel de pai e mãe. Essa truculência precisa parar. As famílias precisam parar de ser massacradas sem que nada aconteça", cobra.

O caso

Pedro Henrique Costa, de 15 anos, morreu na noite de sexta-feira (19), após ser baleado por policiais militares no bairro Nova Gameleira. Segundo a corporação, o jovem teria apontado uma arma para os agentes.  

Os militares foram ao local após denúncia de tráfico de drogas entre as ruas Cândido de Souza e Tupã. Enquanto cercaram a região para organizar a abordagem, os policiais avistaram o adolescente, armado, se aproximando.

Segundo a PM, os militares pediram ao jovem para que largasse a arma. “O indivíduo não obedeceu e apontou a arma em direção aos militares em franca intenção de efetuar disparos”, diz trecho do boletim de ocorrência. 

Em seguida, dois militares atiraram “em legítima defesa”, alega a corporação. O adolescente chegou a ser socorrido ao Hospital Pronto-Socorro (HPS) João XXIII, mas não resistiu. 

O boletim de ocorrência diz que a arma que estava com o adolescente foi apreendida, com seis munições intactas. A perícia da Polícia Civil foi acionada. 

A corregedoria da Polícia Militar acompanha o caso. 

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