A morte de cerca de 70 garças após poda de árvores na orla da Lagoa Central em Lagoa Santa, na Grande BH, está na mira do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e do Ministério Público. Um auto de infração foi lavrado contra a prefeitura da cidade - que autorizou o serviço - e a empresa contratada para realizar o corte. Além disso, a administração municipal deverá prestar esclarecimentos ao MP.
Conforme o IEF, a Polícia Militar de Meio Ambiente recebeu denúncia sobre o corte irregular de árvores, sendo constatada a poda de oito espécimes arbóreas. "Não foi solicitado ao Estado a autorização de manejo das aves, o que deveria ter sido feito pela Prefeitura antes da execução do serviço", informou o órgão estadual.
Detalhes sobre o auto de infração, como o valor da multa aplicada, não foram informados. O Instituto de Florestas atua nesse momento no recebimento dos animais, levados para o Centro de Tratamento e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras). Até o momento foram resgatadas 127 aves adultas vivas e 22 filhotes. Eles passarão por reabilitação e serão soltos.
Já o Ministério Público (MPMG) informou que já foi instaurada pela 2ª Promotoria de Justiça de Lagoa Santa uma “Notícia de Fato”, procedimento preliminar de investigação, para apurar as circunstâncias da poda. O órgão cobra da prefeitura esclarecimentos sobre o serviço executado.
Animais dentro de caixas de papelão: mortos ou agonizando
O corte das árvores foi realizado na última segunda-feira (10). Após a poda, vídeos circularam nas redes sociais, mostrando as aves dentro de caixas de papelão. Algumas estavam mortas e outras, agonizando. Além de ovos, havia filhotes e aves adultas, que estavam sendo socorridos por populares.
De acordo com o Grupo de Resgate Animal de Belo Horizonte (GRABH) - organização dedicada a salvar animais em situações críticas -, ao todo foram resgatados 165 animais vivos e 69 mortos.
O Hoje em Dia entrou em contato novamente com a Prefeitura de Lagoa Santa, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem. Na terça-feira (11), a administração municipal informou que o serviço foi autorizado, mas que “foi expedida autorização com indicação expressa quanto a não realização onde houvesse a presença de ninhos e aves alocadas”.
A Polícia Civil também apura as circunstâncias e a responsabilidade "do possível dano ambiental causado pela poda de árvores" na orla da lagoa. Equipes da perícia foram ao local coletar vestígios.