Uma mulher de 54 anos foi indiciada pelo crime de racismo, acusada de ofender duas mulheres e um homem no metrô de Belo Horizonte, em junho deste ano. Ela chegou a ser presa em flagrante no mesmo dia, após intervenção da segurança do metrô e da Polícia Militar.
O inquérito foi finalizado nessa quinta-feira (29) e encaminhado ao Poder Judiciário, responsável pela apreciação do caso. As informações foram divulgadas pela Polícia Civil nesta sexta-feira (30).
"Concluímos que houve racismo, quando há intenção de segregar ou ofender uma raça, e não injúria racial, crime resultante de agressão individual”, informou a polícia.
Relembre
O caso ocorreu no dia 5 de junho, quando a mulher e as três vítimas esperavam para embarcar no trem, na Estação Central, com destino à Vilarinho. Segundo a polícia, os atos hostis começaram já na plataforma.
“A mulher sentou-se de costas para os três passageiros em um dos bancos. Após entrar no trem, ela virou-se de frente para as vítimas e começou a pronunciar palavras que não eram ainda entendidas por elas. A mulher olhava e falava, mas, quando os passageiros olhavam de volta, a mulher desviava o olhar”, disse a PCMG.
Quando uma das passageiras perguntou se a suspeita estaria falando algo com o grupo, a investigada proferiu diversas ofensas.
“De acordo com testemunhas que ouvimos, a mulher falou frases como ‘não falo com pessoas como vocês’, ‘vocês fedem’, ‘eu sou racista’ e ‘eu não sou da sua raça’, com atitudes de deboche e zombaria”, relatou a polícia.
Após a equipe de segurança do metrô ser acionada, o trem foi parado na estação Santa Inês, onde as vítimas e demais passageiros desejavam que a investigada descesse.
“A mulher se recusou e, por haver apenas um segurança naquela estação, o metrô parou novamente na estação seguinte (José Cândido), onde outros seguranças atenderam o chamado e acionaram a Polícia Militar, que conduziu a investigada para a delegacia de plantão. Na unidade policial, ela foi autuada em flagrante”, relembrou a PCMG.
Direitos humanos
De acordo com o delegado Rafael Alexandre de Faria, responsável pelas investigações, o teor das falas da investigada “deixam evidente que a intenção era de segregar, discriminar e separar as vítimas em razão de sua cor e raça.”
“O crime é inafiançável e fere os direitos inerentes à pessoa humana, conquistados e consagrados internacionalmente à custa de intensa luta e constante evolução social”, conclui.