Para comemorar o aumento da família de tamanduás-bandeiras do Zoológico de BH - que registrou em março o segundo nascimento da espécie no ano e o terceiro em menos de seis meses - a Prefeitura de Belo Horizonte pede ajuda aos moradores da capital para batizar cada um dos três bebês. A enquete foi lançada nesta quinta-feira (2) no perfil do Instagram @prefeiturabh.
Para participar, basta acessar o perfil e, em cada foto, escolher uma das quatro opções disponíveis para cada filhote. Ganham os nomes mais votados.
O leque de opções dos nomes não foi sugerido aleatoriamente. O tamanduá-bandeira é uma espécie nativa e está classificada como “vulnerável” nas Listas Vermelhas de Espécies Ameaçadas de Extinção (IUCN, 2008 e ICMBio, 2014). Por isso, a equipe técnica do Zoo optou por nomeá-los com referências tipicamente nacionais. Assim, os nomes disponíveis fazem referências à cultura indígena, como palavras com origem em tupi-guarani, além de homenagens ao bioma Cerrado.
As sugestões foram elaboradas pela equipe da Seção de Mamíferos do Zoo de BH, em parceria com a Gerência de Educação Ambiental da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica, gestora do espaço. São dois filhotes do gênero feminino e um do masculino.
Conheça as opções:
Filhote 1: macho, nascido no Zoológico/BH em 30 de setembro de 2023, filho de “Doca” e “Bia”. Confira as opções de nomes:
Curumin - vem do tupi “kunumim” (menino).
Piatã - de origem tupi-guarani e significa fortaleza
Rudá - é o deus do amor na mitologia tupi-guarani.
Baru - nome de árvore do Cerrado.
Filhote 2: fêmea, nascida no Zoológico/BH em 26 de fevereiro de 2024, filha de “Doca” e “Clara”. Confira as opções de nomes:
Anahí - na língua guarani é geralmente interpretado como “flor” ou “flor perfumada”
Iraê - é de origem tupi, significa “doce como o mel”
Ibi - é de origem tupi, significa “terra”
Yacy - é de origem tupi-guarani, significa “mãe natureza”
Filhote 3: macho, nascido no Zoológico/BH em 12 de março deste ano, filho de “Doca” e “Ana”. Confira as opções de nomes:
Pequi - nome de árvore do Cerrado.
Caiuá - em tupi-guarani pode significar o morador do mato, mateiro, errante, nômade
Arandu - "ouvir o tempo", "vivenciar", "conhecer com a experiência de vida, na relação intrínseca com o ambiente"
Aysú - é de origem tupi-guarani, significa “amor”
Família aumentando
Atualmente, a família de tamanduás-bandeira do Zoo de BH conta com 10 indivíduos, sendo sete adultos. O mais recente filhote, um macho, nasceu em 12 de março deste ano. Ele é meio-irmão por parte de pai dos outros dois filhotes, uma fêmea - nascida em 26 de fevereiro deste ano - e outro macho nascido em 30 de setembro de 2023.
O caçula dos três filhotes, assim como os irmãos, já apresenta bom desenvolvimento. O mais jovem, atualmente com pouco mais de 30 dias de vida, está sendo cuidado o tempo todo pela mãe, que não se separa dele. O bebê tamanduá-bandeira – que tem por hábito ficar sempre nas costas da mãe nesses primeiros meses de vida – se agarra aos pelos do adulto utilizando as garras existentes nos dedos das “mãos”.
Presenciar o filhote percorrendo a área da espécie no Zoo de BH ainda é uma tarefa que vai exigir paciência e compreensão dos visitantes. Cuidando de um filhote recém-nascido, naturalmente a mãe apresenta-se extremamente protetora, preferindo ficar a maior parte do tempo mais reclusa nos abrigos ou entre a vegetação, distante dos olhos do público. A manifestação desse e de outros comportamentos naturais dos animais especialmente diante da presença de filhotes atesta que estão experimentando ótimos níveis de bem-estar, uma vez que, mesmo sob cuidados humanos, estão comportando-se como possivelmente estariam na natureza, segundo os biólogos.
De acordo com a gerente da Seção de Mamíferos da FPMZB, a bióloga Valéria Pereira, “a reprodução das espécies, sobretudo as brasileiras e ameaçadas de extinção, é motivo de muita alegria no Zoo de BH e também muito valiosa para os programas de conservação conduzidos em todo o país, mostrando o quanto os Zoológicos podem ser importantes parceiros na luta em defesa da biodiversidade, garantindo populações de segurança com qualidade genética suficiente para participação em futuros programas de reintrodução da espécie na natureza”, destaca.
O que tem sido feito para proteger a espécie
No que diz respeito ao “status” de conservação, o tamanduá-bandeira é uma espécie que está na categoria “vulnerável” nas Listas Vermelhas de Espécies Ameaçadas de Extinção (IUCN, 2008 e ICMBio, 2014). Essa classificação serve de parâmetro para o desenvolvimento de estratégias essenciais para os programas de conservação in-situ (em seu lugar natural) e ex-situ (fora do lugar de origem, como nos zoos, por exemplo).
Algumas das principais ameaças aos tamanduás-bandeira são: queimadas, desmatamento, agropecuária, expansão rodoviária, desconexão e redução de habitat, caça, perseguição, envenenamento indireto por inseticidas aplicados para controle de formigas e cupins (alimentos naturais dos tamanduás), atropelamento e doenças, especialmente, as que possam afetar o processo reprodutivo.
Um dos vários instrumentos de proteção para as espécies que se encontram oficialmente ameaçadas de extinção é o Plano de Ação Nacional (PAN), coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que tem como meta reunir informações importantes, resultantes de pesquisas sobre a espécie e sobre as ameaças à sua sobrevivência, e indicar as ações que devem ser realizadas em um período de tempo determinado, a fim de proteger tanto a própria espécie quanto o ambiente onde ela vive. Com isto, a espécie poderá melhorar o seu estado de conservação, saindo de uma categoria onde o risco de desaparecer na natureza é “extremamente alto” para uma categoria em que esse risco seja menor; ou até mesmo deixar de ser considerada ameaçada de extinção e sair da Lista Vermelha.
Uma das importantes ações desenvolvidas em 2018 pelo MMA – Ministério do Meio Ambiente, ICMBio e AZAB – Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil foi a criação do “Studbook Brasileiro de Tamanduá Bandeira (Myrmecophaga tridactyla)” que reúne informações dos indivíduos existentes nas instituições zoológicas e criadouros legalizados no Brasil, tais como: número de machos e fêmeas, idade, parentesco, procedência e origem, nascimentos, óbitos, formação do grupo, etc. Essas e outras informações permitem uma análise da situação da população ex-situ no Brasil e, com isso, propor o manejo mais adequado.
O nascimento de três filhotes de tamanduá-bandeira em tão pouco tempo é, portanto, motivo de muito orgulho e alegria no Zoo de BH, uma vez que atesta a expertise no manejo desse mamífero, a qualidade técnica do Programa de Bem-estar Animal e a competência da instituição no que diz respeito à contribuição para as diretrizes de conservação da biodiversidade, já que a reprodução sob cuidados humanos costuma ocorrer sobretudo quando os animais estão vivenciando altos níveis de bem-estar e, também, pelo fato de que a reprodução de espécies ameaçadas é uma estratégia que garante a proteção nessas instituições de um percentual significativo da população de segurança desses animais em condições saudáveis e geneticamente viáveis, possibilitando futuros programas de reintrodução na natureza.
Curiosidade sobre a espécie
O tamanduá-bandeira apresenta uma característica bastante peculiar que, inclusive, se relaciona com seu nome popular: quando busca refúgio em um buraco ou depressão, se enrodilha e se cobre com a cauda espessa, como se houvesse uma bandeira sobre o corpo.
Outra curiosidade é que seus membros anteriores são fortemente musculosos e possuem quatro dedos todos com garras que, além de funcionarem como ferramenta alimentar, permitindo a abertura de formigueiros e cupinzeiros, servem como instrumento de defesa.
A família de tamanduás-bandeira do Zoo de BH:
Conheça aqui cada um dos 10 membros da família e suas origens:
“Arthur” – macho adulto, vindo do Zoológico de Goiânia em 6 de agosto de 2008, é pai do macho “Joselito” e da fêmea “Bia”.
“Tatá” - fêmea adulta, vinda por meio do Ibama em 24 de abril de 2013.
“Joselito” - macho adulto, nascido no Zoológico/BH em 19 de junho de 2015. Filho do adulto “Arthur”.
“Doca” - macho adulto, vindo por meio do Ibama em 25 de outubro de 2011. Pai dos últimos 3 filhotes, ainda sem nome, nascidos no Zoo/BH.
“Ana”- fêmea adulta, vinda por meio do Ibama em 25 de outubro de 2011. Mãe do filhote macho – sem nome - nascido em 12 de março 2024.
“Clara” - fêmea adulta, vinda por meio do Ibama em 25 de outubro 2011. Mãe da filhote fêmea – sem nome - nascida em 26 de fevereiro 2024.
“Bia” - fêmea adulta, nascida no Zoológico/BH em 28 de dezembro de 2013. Filha do adulto “Arthur” e mãe do filhote macho – sem nome - nascido em 30 de setembro de 2023.
Filhote 1: macho, nome a ser escolhido em enquete no Instagram da PBH - nascido no Zoológico/BH em 30 de setembro de 2023, filho de “Doca” e “Bia”.
Filhote 2: fêmea, nome a ser escolhido em enquete no Instagram da PBH - nascida no Zoológico/BH em 26 de fevereiro de 2024, filha de “Doca” e “Clara”.
Filhote 3: macho, nome a ser escolhido em enquete no Instagram da PBH - nascido no Zoológico/BH em 12 de março de 2024, filho de “Doca” e “Ana”.
*Com informações da PBH
Leia mais