Fernanda Chagas*
Em Minas Gerais, é comum que os frequentadores de bares, ao fim da noite, peçam uma saideira gratuita ao garçom. Esse pedido é visto por muitos como uma tradição, um gesto que simboliza gratidão e camaradagem após uma noite de consumo e diversão. A ideia é que, depois de gastar uma quantia considerável, o cliente merece um último brinde por conta da casa. No entanto, será que essa prática é realmente justa com os estabelecimentos? Será que entendemos o verdadeiro custo de manter um restaurante funcionando?
Vamos pensar no que envolve a manutenção de um restaurante. Desde os ingredientes utilizados nos pratos até os salários dos funcionários, passando pelo aluguel, energia elétrica, água, impostos e diversas outras despesas operacionais. Cada prato servido representa uma fração desses custos, e para que o restaurante seja lucrativo, é necessário um controle rigoroso das mercadorias compradas e utilizadas. Esse controle é conhecido como CMV (Custo das Mercadorias Vendidas), e ele é crucial para a sobrevivência de qualquer estabelecimento no ramo de alimentação.
Imagine que um restaurante serve dezenas, senão centenas, de refeições por dia. Cada ingrediente deve ser cuidadosamente comprado, armazenado e utilizado para minimizar desperdícios e maximizar a rentabilidade. Qualquer desvio nesse processo pode resultar em prejuízos consideráveis. Quando um cliente pede uma saideira de cortesia, ele está, na verdade, aumentando o custo operacional do estabelecimento sem gerar receita adicional.
Além disso, a economia de um restaurante é delicada e interligada. Um aumento nos custos dos insumos ou uma queda no número de clientes pode significar a diferença entre manter as portas abertas ou fechar o negócio. Muitos restaurantes operam com margens de lucro bastante apertadas, e cada real conta. Quando um cliente recebe uma bebida de cortesia, esse custo deve ser absorvido pelo estabelecimento de alguma forma. E, muitas vezes, a única maneira de compensar é aumentando os preços de outros itens do menu ou reduzindo a qualidade do serviço.
Portanto, quando sua saideira for recusada, é importante entender que o restaurante não está sendo mesquinho. Na verdade, está tentando manter um equilíbrio financeiro delicado que é fundamental para sua sobrevivência. Para que um estabelecimento possa oferecer saideiras regularmente, ele precisaria incorporar esse custo aos preços gerais dos produtos, o que pode acabar prejudicando outros clientes que não fazem esse pedido. E, no fim das contas, toda vez que você recebe uma saideira de cortesia, pode estar, inadvertidamente, contribuindo para a falência do estabelecimento e a demissão de funcionários.
Junte-se a essa luta e não peça mais saideiras de cortesia. Cada tipo de restaurante tem seus próprios custos e ofertas, e todos eles precisam gerenciar seus insumos de maneira eficaz para continuar funcionando. Valorize o trabalho dos proprietários e funcionários, que se dedicam diariamente para oferecer um bom serviço e uma experiência agradável. E lembre-se: apoiar um restaurante não significa apenas consumir seus produtos, mas também respeitar suas políticas e práticas. Vamos apoiar os restaurantes, entendendo seus desafios e contribuindo para um setor mais sustentável.
Vamos Juntos: Diga Não à Saideira Cortesia e Apoie a Sustentabilidade dos Restaurantes!
*Especialista em gestão de negócios gastronômicos; sócia Gass Company e fundadora Self-Service em foco