2º TURNO

'A eleição em BH recomeça agora', analisa cientista político

Professor da PUC Minas, Malco Camargos acredita que embate agora será entre as ideias de continuidade do legado, por Fuad Noman, e de promessa de mudança, por Bruno Engler

Ana Paula Lima
apaula@hojeemdia.com.br
06/10/2024 às 20:44.
Atualizado em 06/10/2024 às 20:54
Fuad e Engler estarão no 2º turno (Júnia Garrido/Campanha Fuad Noman e : Lucas Mendes/Campanha Bruno Engler)

Fuad e Engler estarão no 2º turno (Júnia Garrido/Campanha Fuad Noman e : Lucas Mendes/Campanha Bruno Engler)

Cerca de cem mil votos separam Bruno Engler (PL) de Fuad Noman (PSD) no 1º turno das eleições para prefeito em Belo Horizonte, mas quem acompanha de perto o cenário político sabe que uma nova eleição começa agora. Essa é a leitura de Malco Camargos, cientista político e professor da PUC Minas. Para ele, a vantagem do candidato da direita sobre o atual prefeito não sacramenta uma vitória no 2º turno, em 27 de outubro. O vencedor, diz, será quem souber atrair mais aliados, numa disputa que promete colocar de um lado a ideia de continuidade dos projetos atuais e, de outro, a promessa de mudança.

Para Camargos, o resultado das urnas na disputa mais acirrada na capital nos anos 2000 não chega a ser uma surpresa. “As pesquisas mais recentes já mostravam um crescimento de Engler e Fuad e a queda de Tramonte”, diz. Com 98% das urnas apuradas, o primeiro tinha 34,39% e o segundo, 26,53%. No entanto, ele diz que o balanço da votação foi inesperado em relação ao início da campanha, quando o apresentador de TV Mauro Tramonte despontou com folga em sucessivos levantamentos de intenção de voto. No fim, ele ficou em terceiro lugar, com 15,15%.

O que pesou para essa configuração, acredita Camargos, foi o bom uso do tempo de TV por Fuad – que na propaganda eleitoral gratuita conseguiu se tornar conhecido para a população, prestar contas do mandato atual e defender seu legado – e o posicionamento de Engler como o “protagonista da direita” na capital mineira.

Na contramão, Tramonte, que buscou fazer uma campanha mais populista, vendendo a ideia de ser o “protetor do povo”, acabou se perdendo. “Ele não conseguiu se conectar de forma mais genuína com o eleitor, convencer pelas propostas além da questão da proteção”.

Nos 20 dias que separam o 1º turno do 2º, as estratégias serão redesenhadas, mas a distribuição de forças que começa agora deve ser o pulo do gato para a conquista do eleitorado. “O primeiro passo é buscar o apoio dos outros candidatos”, diz Camargos - o que pode colocar Fuad em vantagem pela maior capacidade de articulação de apoios. No entanto, o que deve prevalecer, acredita, será uma polarização em torno de duas ideias: a de continuidade e defesa de legado por Fuad e a de mudança por Engler. "A votação no 1º turno não significa que o resultado irá se perpetuar no 2º", conclui.

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