Desde redemocratização

Para vencer no 2º turno em BH, Fuad terá que repetir feito que só Kalil conseguiu

Essa é a sexta vez que a eleição na capital não é decidida em 1° turno

Renato Fonseca*
rfonseca@hojeemdia.com.br
Publicado em 08/10/2024 às 07:30.

(Amira Hissa/ PBH)

Belo Horizonte terá 2º turno para definição do novo prefeito pela sexta vez desde a redemocratização. A julgar pelo resultado final das eleições anteriores, Fuad Noman (PSD) está em desvantagem. Nas cinco decisões anteriores, apenas um candidato que terminou em segundo lugar no 1º turno conseguiu a virada. Justamente o ex-prefeito Alexandre Kalil (Republicanos), que rompeu com o atual chefe do Executivo. Cientistas políticos, no entanto, garantem que o pleito atual é completamente diferente dos demais, deixando a disputa em aberto.

O sistema eleitoral de dois turnos foi instituído após a Constituição de 1988, permitindo a continuação do pleito entre os dois candidatos mais votados nas cidades com mais de 200 mil eleitores, como é o caso de BH, que soma 1,9 milhão de votantes. Os moradores da capital precisaram voltar às urnas após o 1º turno em 1992, 1996, 2000, 2008 e 2016.

Relembre o resultado das eleições com 2º turno em BH

1992
1° turno
Patrus Ananias (PT) 36,91% 
Maurício Campos (PL) 20,92%

2º turno
Patrus Ananias 59,09% (eleito)
Maurício Campos 40,91%

1996
1º turno

Célio de Castro (PSB) 40,77%
Amílcar Martins (PSDB) 26,46%

2º turno
Célio de Castro 76,50% (eleito)
Amílcar Martins 23,50%

2000
1º turno

Célio de Castro (PSB) 43,54%
João Leite (PSDB) 31,25%

2º turno
Célio de Castro (PSB) 54,94% (eleito)
João Leite (PSDB) 45,06%

2008
1º turno

Marcio Lacerda (PSB) 43,59%
Leonardo Quintão (PMDB) 41,26%

2º turno
Marcio Lacerda 59,12% (eleito)
Leonardo Quintão 40,88%

2016
1º turno 

João Leite (PSDB) 33,40%
Alexandre Kalil (PHS) 26,56%

2º turno
Alexandre Kalil (PHS) 52,98% (eleito)
João Leite (PSDB) 47,02%

Em 2004, Fernando Pimentel (PT) venceu a disputa no primeiro turno. O mesmo ocorreu em 2012, quando Marcio Lacerda (PSD) se reelegeu, e em 2020, com Kalil seguindo na cadeira de prefeito.

Agora, em 2024, Fuad precisa repetir a façanha do ex-companheiro de chapa. O atual prefeito teve 336.442 votos (26,54%) no último domingo (6). Bruno Engler recebeu 435.853 votos (34,38%) e liderou a disputa com uma folga de quase 100 mil votos.

Mais de 66 mil pessoas (4,7%) votaram em branco. Os nulos contabilizaram 70.263 (5%). Já as abstenções chegaram a 588 mil (29,54%).

  

Cientistas políticos analisam 2º turno em BH

A disputa segue "bastante aberta" na capital, na análise do cientista político Malco Camargos. "A vantagem de Bruno ainda está distante dos 50% mais um que ele precisava. Além disso, acredito que os votos de Tramonte (Republicanos) e Gabriel (MDB) vão se dividir entre Engler e Fuad. Ao contrário dos votos de Rogério e Duda, que devem migrar para o atual prefeito", afirma ele, que também é professor da PUC Minas.

Malco Camargos também chama a atenção para uma particularidade da atual disputa na comparação às anteriores com segundo turno. "Nenhuma vez se teve um candidato chegando ao 2º turno com tanta clareza do seu espectro político ideológico", afirma o cientista, que também destacou que o índice de rejeição de ambos os concorrentes pode fazer a diferença no resultado final.

Já o também cientista político Márcio Coimbra acredita que Fuad terá muita dificuldade para se reeleger. Para ele, que é presidente do Instituto Monitor da Democracia, Engler pode herdar mais de 90% dos votos recebidos por Tramonte, ajudando o candidato do PL a garantir a vitória na corrida pela PBH. 

O especialista explica que o Republicanos, partido do apresentador de TV, é da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) e que a ideologia política mais voltada à direita fará a diferença. Para ele, as legendas de Tramonte e Engler serão parcerias no segundo turno.

“São partidos muito próximos. Basta ver que o Tarcísio de Freitas (governador de São Paulo) foi alocado no Republicanos, não no PL. Se o Bruno ganhar, o Republicanos terá protagonismo na administração municipal. Vão governar juntos”.

* Com Ana Paula Lima

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