ENTREVISTA

À frente de Minascentro e Marista, Rômulo Rocha se destaca como grande investidor na área de eventos

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
10/10/2022 às 07:11.
Atualizado em 11/10/2022 às 17:51

Tem espaço para todo mundo. Ninguém aqui vai tomar o espaço do outro. Ainda é pouco, se pensarmos numa cidade do tamanho de Belo Horizonte. Hoje você não consegue datas no Palácio das Artes ou no Expominas” (Lucas Prates)

Num ano com apresentações de Metallica, Guns n’Roses e também vários medalhões da MPB, Rômulo Rocha virou uma das grandes atrações da cena artística mineira. O empresário não é nenhum astro da música, mas está comandando o show no que diz respeito ao setor de eventos. 

Em abril, reabriu o Minascentro e, em pouco tempo, teve a oportunidade de receber Chico Buarque no palco. No mês passado, surpreendeu o mercado ao assumir a gestão do Marista Hall (antigo Chevrolet Hall), que deve voltar à ativa no início de 2023. Cheio de planos, Rocha vê os dois espaços como complementares.

Em primeiro lugar, a localização de ambos é vista como uma enorme vantagem. No caso de espaços para públicos de cinco mil, o “Marista é imbatível”. Já o Minascentro oferece a possibilidade de se promover vários eventos simultâneos, independentes ou interligados.

“Tenho os eventos no DNA”, afirma o empresário, CEO da KTM Engenharia e dono de um centro hípico no Morro do Chapéu. Foi lá que tomou gosto por outros eventos fora da área esportiva e resolveu “levar mais a sério” o investimento no setor cultural.

Cinco meses após a reabertura do Minascentro, você surge como novo administrador de outra casa de eventos que estava fechada, o antigo Chevrolet Hall. O que lhe motivou a dar esse outro passo num curto espaço de tempo?
Sentimos muita necessidade, neste período, de um equipamento maior. Apesar de o Minascentro ter uma característica interessante, sendo o único em Minas Gerais em que você faz uma palestra ou show para 1.600 pessoas e depois pode subir para o terceiro andar, para fazer um almoço ou jantar. Ele tem essa versatilidade. O que aconteceu de lá para cá? Teve o Mineirinho, que também foi concedido. Estudamos muito e chegamos a conclusão de que o investimento no ginásio seria muito grande, com muita coisa para fazer. Apesar de o governo falar em R$ 30 milhões, calculamos uns R$ 50 milhões. Aí nos chamou a atenção o equipamento do colégio Marista, que foi a vida inteira administrado pela Time For Fun, uma empresa gigante do Brasil, bastante conceituada, primeiramente com o nome Chevrolet Hall e depois como Km de Vantagens Hall. Eles trouxeram muito evento grande para cá. Mas qual foi o lado ruim? Fecharam as portas para o produtor mineiro. Era uma queixa muito grande. Nesse período em que ficou fechado, não sabia a destinação que iriam dar para ele e, então, descobri alguns caminhos. Fui à Brasília e sentei com o pessoal do Marista lá. Demoramos seis meses (para fechar o negócio). Vejo que ele e o Minascentro se completam. São duas entidades irmãs agora. O que não cabe no Minascentro, como eventos de quatro, cinco mil pessoas, vai para lá. Até o ano que vem nós teremos quatro grandes equipamentos para mais de 10 mil, como Mineirão, Mineirinho, Expominas e a Arena do Galo. Já para cinco mil o único lugar que comporta isso de forma adequada é o Minas Tênis Clube, mas que tem uma pegada mais de esporte. Então, é o Marista. Ele é estratégico, com uma condição que nenhum outro tem. 

Você mencionou o ginásio do Minas Tênis Clube, mas a Arena Expominas e a Esplanada têm capacidade para receber público de cinco mil, não?
Sim. O Marista é imbatível para eventos de quatro, cinco mil pessoas. Nós temos um super diferencial que eles não têm: localização. Não tem nada em Belo Horizonte tão bem localizado quanto o Marista. Nós estamos na Savassi. Aquele ponto é espetacular. As pessoas criticam às vezes a arquitetura dele, até confesso que não acho a mais bonita, mas temos que reconhecer que há um certo carinho por ele. Os eventos feitos lá são dentro da cidade. Ali há um público cativo que vai a pé até o equipamento, se pensarmos em pessoas que moram em Sion, Santo Antônio e São Pedro. Outra vantagem nossa é o custo operacional. Nos outros, para você refrigerar o lugar, é muito caro, porque são grandes demais. Já o Marista tem o tamanho ideal. Ele veio para contribuir e de uma forma bastante competitiva. Além de shows, a gente pretende ter um braço de esportes lá dentro.

O que lhe fez investir nessa área, uma das mais castigadas recentemente pela pandemia?
A minha atividade principal é engenharia. Tenho uma empresa, a KPM Engenharia, que há trinta e poucos anos trabalha com engenharia industrial e limpeza urbana. Mas tenho os eventos no DNA. Não sei se você lembra, mas fiz o Enduro da Independência, que envolvia motocross, e um torneio de bicicleta. Depois eu construí o (<CF36>centro hípico</CF>) Chevals, no Morro do Chapéu (Nova Lima). E lá deu para fazer muita coisa legal, como show, apresentação, lançamento de produto... Eu também terceirizava e cedia o espaço para empresas. Quando saiu a concessão do Minascentro, vi que era uma oportunidade de levar a coisa um pouco mais a sério. O governo fez a reforma do espaço em 2018 e 2019, refazendo a estrutura elétrica e hidráulica, que tinha um problema muito sério, e colocando um super sistema de ar condicionado. Mas aí veio a pandemia e o Minascentro ficou quatro anos fechado. E só foi reaberto em abril.

Como tem sido esses primeiros meses à frente do Minascentro? Já deu para perceber que tem uma característica múltipla, recebendo vários tipos de eventos.
Eu descobri o seguinte: existe uma geração em Belo Horizonte, abaixo dos dezoito anos, que não conhece o Minascentro. Esse foi o nosso desafio. Criamos uma estratégia para mostrar que estava funcionando. Como os grandes eventos são feitos com muita antecedência, nós começamos recebendo de prefeito de Belo Horizonte à presidente da República. Depois nós conseguimos atingir[...] empresas e instituições como Unimed e OAB e, agora, estamos entrando no aspecto cultural. Estamos trazendo (Maria) Bethânia, Michel Teló, Lenine, entre outros. [CONTINUA]A gente entende também que o equipamento não é nosso, apesar de estarmos com a gestão dele. Antes de tudo, o Minascentro é do mineiro, é do belo-horizontino. Dentro desse enfoque, realizamos, junto com a Defensoria Pública, vários casamentos ao mesmo tempo. Nós estamos com um projeto para ceder o palco de graça pra artista de periferia, unindo essa turma toda uma vez por ano num grande evento. 

Qual será o próximo passo?
Temos um projeto chamado “3 Emes”, que envolve Minascentro, Mercado Central e Mercado Novo. A ideia é fazer ali um circuito, da mesma forma que o Circuito Praça da Liberdade, dando uma valorizada naquele hipercentro. Nós tentaríamos resolver esses problemas do entorno, como flanelinha e pessoa desabrigada. O Convention Bureau, como em qualquer lugar do mundo, funciona para levar eventos para a cidade. Belo Horizonte já foi muito forte nessa área, quando a Érica Drumond era presidente. Ela voltou (ao posto) e me convidou para ser vice-presidente. Estamos trabalhando muito forte para criar um planejamento estratégico e trabalhar a cidade. Não adianta falar muito e mostrar se o lugar está sujo e turista é assaltado. Para esse projeto “3 Emes”, a ideia é que a pessoa que for ao Mercado Novo, um lugar que está dando muito certo, fique sabendo que o Chico Buarque estará no Minascentro naquele dia. Por outro lado, os congressos que a gente receber aqui, destacaremos para os participantes que, atravessando a rua, eles terão a oportunidade de conhecer os produtos de Minas.

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