MEIO AMBIENTE

Impacto prolongado da tragédia em Brumadinho permeia debate com escritora Daniela Arbex

Professor da USP, Ricardo Abramovay participa da discussão sobre como evitar novas tragédias e alinhar desenvolvimento econômico a práticas sustentáveis

Do HOJE EM DIA
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Publicado em 30/07/2024 às 19:47.
Oficina de Gambiologia e shows completam a programação oferecida pela ONG Contato até 3 de agosto (Sandra Pinheiro/divulgação)
Oficina de Gambiologia e shows completam a programação oferecida pela ONG Contato até 3 de agosto (Sandra Pinheiro/divulgação)

A premiada escritora e jornalista Daniela Arbex e o sociólogo e professor Ricardo Abramovay, autor de importantes pesquisas sobre clima, meio ambiente e economia, debatem nesta quinta-feira (1º de agosto) os impactos, sentidos até hoje, de uma das maiores tragédias socioambientais ocorridas no Brasil, o rompimento de barragem da Vale em Brumadinho. 

Cinco anos após a perda de 272 vidas, além dos inúmeros danos causados ao ecossistema, a região vive um processo de reconstrução, especialmente em relação à autoestima dos moradores. Questões como o que pode ser feito para evitar novas tragédias e como alinhar desenvolvimento econômico e práticas sustentáveis vão permear o debate, parte do seminário “Cultura e Meio Ambiente”, sediado na ONG Contato, em BH, e que vai até sábado (3). 

Jornalista experiente e reconhecida por reportagens investigativas que se desdobraram em livros premiados, Daniela Arbex é autora de "Arrastados: Os bastidores do rompimento da barragem de Brumadinho, o maior desastre humanitário do Brasil" (Intrínseca), que reconstitui em detalhes as primeiras 96 horas após o colapso da barragem desativada da Mina do Córrego do Feijão, explorada pela mineradora. "Vou falar sobre a construção desse livro, sobre como o processo de levantamento de informações e as descobertas ao longo da apuração permitiram que a gente reconstituísse as 96 horas pós-rompimento quase  em tempo real”, diz Daniela.

Esse trabalho nos permite discutir questões sobre a permanência do luto, da impunidade e de uma cultura que faz com que essa impunidade alimente a próxima tragédia", assinala a  mineira, autora também do aclamado “Holocausto Brasileiro”, livro-reportagem que depois virar documentário, vai chegar às telonas.

Professor titular do Departamento de Economia da Faculdade de Economia e Administração e do Instituto de Relações Internacionais da USP, Ricardo Abramovay aborda a "pegada material do crescimento econômico". Ele observa que o consumo anual per capita dos quatro materiais básicos (biomassa, minerais metálicos, minerais não-metálicos e combustíveis fósseis) que compõem a vida na sociedade é de 13 toneladas. 

"Quando você puxa o fio dessa informação, vem coisas muito interessantes. Um deles é que os países mais pobres usam quatro toneladas de materiais por ano, por pessoa. Os mais ricos, 27 toneladas. A desigualdade se exprime na maneira como se usa esses materiais. E o que as Nações Unidas vem recomendando, a partir dessa análise, é para que o sistema econômico seja regido pela ética da suficiência e não, fundamentalmente, da eficiência", assinala. 

Evento inclui discussão sobre papel das ONGs

O seminário também aborda o papel das ONGs (Organizações Não Governamentais) em setores hoje considerados por ambientalistas como estratégicos para a existência humana, a partir de ações que possam promover a intersecção entre cultura e meio ambiente como solução para problemas complexos. Um desses projetos é o Anagama, iniciativa da ONG Contato para a formação artística e a inclusão sócio-produtiva. 

Com apoio de associações, entidades, coletivos de artistas e ativistas sociais das regiões de Casa Branca, Suzana e Piedade de Paraopeba, o Anagama vem promovendo, desde 2022, oportunidades de geração de renda e incentivando a promoção cultural e a cidadania. Foram realizadas dezenas de oficinas nas áreas de audiovisual, culinária e cerâmica, permitindo que mais de 600 participantes aprimorassem seus conhecimentos. 

O Anagma tem o apoio do Comitê Gestor do Dano Moral Coletivo, formado pela Associação dos familiares de vítimas e atingidos pelo rompimento da Barragem da Mina Córrego do Feijão, Defensoria Pública da União, Ministério Público do Trabalho de Minas Gerais e Tribunal Regional do Trabalho – 3a. Região em Minas.

Apresentações musicais de Sérgio Pererê e da Bandinha do Tizé Bibiano completam a programação. A ONG fica na rua Pouso Alto, 175, no bairro Serra, região centro-sul de BH.

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