PL que veta transgêneros em competições esportivas rende bate-boca na Câmara de BH
Autora da proposta, vereadora Flávia Borja (DC) "chamou para a briga" a colega Juhlia Santos (Psol), uma mulher trans; manifestantes foram retirados à força por seguranças
A Câmara Municipal de Belo Horizonte teve uma quarta-feira (5) de muito bate-boca e confusão durante a análise do Projeto de Lei que dá a entidades organizadoras de competições o direito de estabelecerem o sexo biológico como critério definidor para participação em eventos esportivos.
O PL, aprovado em primeiro turno com 25 votos (foram 11 contra e 4 abstenções), é de autoria da vereadora Flávia Borja (DC). O tema, polêmico, atraiu diversas pessoas às galerias do Plenário Amynthas de Barros. Diante das manifestações de parte do público presente, seguranças retiraram do local, à força, alguns dos participantes. A sessão acabou suspensa.
No discurso de defesa do projeto, Flávia Borja "desafiou" a vereadora transgênero do Psol, Juhlia Santos, para uma luta de boxe hipotética, comparando o desempenho de ambas.
“Isso não é injustiça com vocês, isso é uma justiça com nós (sic), mulheres. Nós estamos aqui para fazer justiça em Belo Horizonte. Eu desafio a Juhlia para uma luta de boxe. Quem vocês acham que vai ganhar?”, questionou, dirigindo-se aos integrantes da comunidade LGBTQIA+ presentes à Casa legislativa.
Ao ser criticada pelo público com gritos de apoio a Juhlia na luta, a vereadora finalizou, dizendo que a manifestação clara à colega transgênero “prova o meu argumento sobre a aprovação da lei”.
Ao ter a palavra, Juhlia criticou o projeto e os argumentos favoráveis ao texto. “O projeto descumpre a legislação brasileira. Vocês estão fomentando o apartheid e a segregação com esse projeto de lei. Isso é um absurdo”.
As falas dos vereadores foram interrompidas em diversos momentos por gritos de apoiadores do PL. Bandeiras e cartazes também foram vistos durante a sessão.
Procurada pelo HOJE EM DIA, a assessoria da Câmara Municipal informou que "está de posse de todas as imagens da reunião do plenário e também das galerias, porém não há denúncia formal sobre possíveis agressões" e, caso haja, "as imagens serão apuradas pela Superintendência de Segurança para as providências cabíveis".
* Matéria atualizada às 18h com o posicionamento da CMBH